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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Estamos evoluindo

É claro que todos esperavam chegar à final da Copa do Brasil, já que a oportunidade apareceu e não sabemos quando isto voltará a acontecer. Entretanto, apesar da tristeza, é preciso reconhecer a evolução do clube nos últimos anos.


E não estou falando apenas da parte patrimonial, que salta aos olhos. Quem tivesse ido morar fora há 10 anos e voltasse hoje na Ressacada, ia ficar espantado com as mudanças no estádio, que está muito mais bonito. Campos de treinamento, novas coberturas, cadeiras em todo o estádio, etc. Isto porque a gente nem sabe de todas as alterações que aconteceram na parte interna, como a recente reforma do vestiário do Avaí.


Mas houve também uma grande evolução nos resultados obtidos dentro do campo. Até 1998, nossa história estava resumida às conquistas estaduais e alguns episódios fora daqui. Uma rica história é verdade, mas com uma repercussão apenas local.


Em 1998, com a conquista do Campeonato Brasileiro da série C, tivemos nosso primeiro brilho nacional e colocamos uma estrela no peito. Depois disso, ficamos 10 anos buscando um acesso para a elite nacional. Batemos na trave por duas vezes (2001 e 2004), mas em 2008, alcançamos o sonho de estar na competição mais importante do futebol brasileiro.


Já em nosso primeiro ano na elite, em 2009, após um começo preocupante, subimos como um cometa e alcançamos a melhor colocação de um clube catarinense no campeonato brasileiro, conquistando a 6ª colocação. Fomos notícia durante todo o ano. De quebra, conquistamos o campeonato estadual depois de um longo e tenebroso inverno de secura e amargura.


Em 2010, se não fomos tão bem no certame nacional, conquistamos o bicampeonato estadual e chegamos numa fase mais avançada na Copa do Brasil (3ª fase), depois de termos eliminado o Coritiba em pleno Couto Pereira. No segundo semestre fizemos um bonito papel na Sulamericana, chegando as quartas de finais. Poderíamos ter ido até mais longe, mas a pressão do rebaixamento dividiu nossas atenções.


Neste ano, começamos mal, com uma campanha bisonha no campeonato estadual, atenuado levemente por conseguir eliminar o Tombense na casa deles. Mas na Copa do Brasil, voltamos a ser notícia. Fizemos uma ótima campanha, alcançando as semifinais, com reais chances de conquista do título. Fomos destaque na mídia e a Ressacada foi palco de grandes atenções por parte da imprensa.


Não soubemos aproveitar a oportunidade que apareceu, mas fica a lição que podemos pensar um pouco mais alto e mais longe. Não podemos deixar se abater com esta desclassificação. Outros grandes clubes também pararam no meio de caminho. Times com mais tradição e bem mais recursos financeiros saíram antes de nós, como São Paulo e Botafogo, que o Avaí mesmo eliminou, além de Flamengo, Atlético-MG e Palmeiras.


Restou o campeonato brasileiro, o que não é pouco. É claro que a primeira meta será permanecer na série A, mas acho que podemos almejar pelo menos a Sulamericana, cuja classificação não é tão complicada (tem que ser 13º ou 14º). Vejo neste torneio, uma boa chance do Leão voltar a brilhar em 2012. Não sonho por enquanto com a Libertadores, apesar do time de 2009 ter mostrado que não é impossível chegar lá. Mas talvez não fosse a hora certa para nós. Vejo que outros times que já chegaram lá, hoje estão penando nas séries B (Criciúma, Sport, Paraná, Goiás, Guarany, São Caetano), C (Payssandú e Santo André), D (Juventude) e até sem série (Paulista e Bangú).


Não duvido que a disputa deste torneio pudesse ser a oportunidade do Avaí dar um salto de tamanho, qualidade e orçamento, mas temo que nossa estrutura não esteja pronta para este salto. É como uma empresa, que vê um novo nicho de mercado, mas que precisa decidir entre investir muito pesado para conquistá-lo, sem a certeza do retorno, com o risco de quebra, se não der certo, ou esperar crescer com sustentabilidade, para alcançar seus objetivos a longo prazo, solidificando sua marca ao longo dos anos.


Assim como demoramos para chegar na elite, mas quando chegamos, aparecemos e começamos a escrever uma bonita história, talvez seja o caso de não nos apressarmos em chegar tão rápido a Libertadores. Nosso quadro associativo não é tão grande como poderia ser. É claro que aumentaria com a ida à Libertadores, mas como o clube se manteria nos anos seguintes? E a estrutura do estádio e fora dele?


Eu sei que muitos times não têm a estrutura que o Avaí tem, mas eles têm algo que vamos demorar algum tempo para conquistar: visibilidade na mídia. É isto que atrai os patrocinadores. Os patrocínios têm aumentado, mas creio que ainda não sejam suficientes para este nível de competição.


Enfim, ficou o gostinho de quero mais. Mas também ficou a certeza que podemos mais. Tudo chegará a seu tempo. O que não podemos é diminuir. Temos que continuar na elite, para daí, subir cada vez mais.

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