Já escrevi aqui que os
times de Santa Catarina, em especial, os dois times de Florianópolis,
melhoraram em muito sua qualidade nos últimos 10 anos. Até 1998, quando o Avaí
conquistou a série C, os dois times daqui não despertavam qualquer interesse na
mídia nacional, a não ser por algum resultado fortuito. O pessoal do microfone
só ia ao Maracanã, Morumbi, Beira-Rio ou Mineirão se fosse para acompanhar
algum jogo da seleção brasileira ou a passeio. O negócio deles era comentar
sobre o Campeonato Estadual e a Copa Santa Catarina. Para o nível da competição,
o pouco que eles entendiam de futebol já servia.
O tempo passou e com administrações
mais profissionais os dois clubes melhoraram seus estádios, montaram times mais
fortes e agora estão disputando a principal competição do futebol nacional. É
inegável que a qualidade dos clubes melhorou em quase todos os aspectos e
setores, seja na parte administrativa, médica, técnica e tantas outras que
existem. Se a qualidade do produto ou do serviço melhorou é porque as pessoas
que trabalharam ou ainda trabalham lá foram responsáveis por isso.
O mesmo não aconteceu na
imprensa. As pessoas não mudaram. Aqueles que hoje são os titulares dos microfones,
em quase todas as estações ou canais, são os mesmos que há 10 anos
acompanhavam, narravam, comentavam e criticavam o desempenho dos times da
capital.
Isto é ruim? Nem sempre,
pois a experiência pode agregar muito valor a qualquer trabalho, desde que o
profissional consiga se mantiver atualizado nos assuntos que lida. Mas isto não
aconteceu aos decanos da imprensa.
Se antes eles detinham o
poder da informação, hoje são atropelados pela velocidade da internet. Se antes
o olhar deles era o que melhor analisava os jogos, os jogadores, o campeonato,
hoje sabem menos que muitos torcedores que buscam e trocam informações sobre
seu time do coração.
Eles não são mais donos da
informação, da verdade ou da melhor análise. Ainda influenciam a muitos, é
verdade, mas muito mais por causa do grande poder de difusão dos microfones que
usam do que propriamente por aquilo que falam.
Alguns ainda mantêm o
emprego por causa do seu histórico hilário e folclórico. Não por causa do conteúdo
do seu comentário, mas apenas pelo seu jeito de falar ou pela suposta
identificação com algum clube.
A única maneira deste tipo
de profissional conseguir manter seu emprego é justamente na perpetuação da
figura folclórica, falando coisas polêmicas, mostrando seu lado passional. Para
ele, não adianta analisar o jogo com detalhes técnicos ou comentar
posicionamentos táticos. Para isso, eles têm os antigos estagiários, que agora
viraram seus aprendizes e que no futuro, talvez ocupem o seu lugar, visto que
estão seguindo os mesmos passos de seus mestres, com comentários parciais, cheios
de intriga e miopia.
Enfim, são faladores de
microfone que se agarram na suposta experiência profissional, com muitas histórias
para contar e precisam criar, como eles mesmo dizem, um fato novo a cada semana
para justificar o salário que ganham no fim do mês.
Eles não têm mais a minha
audiência, mas sei que continuam criando seus fatos novos, mesmo que seja a
custa de ofender pessoas ou instituições. De fato, eles não perdem gols ou
falham na defesa. Eles não têm culpa da situação do Avaí, assim como nunca tiveram
qualquer participação nas muitas conquistas avaianas.
Entretanto, deveriam ter
mais responsabilidade ao emitir suas opiniões, posto que suas vozes,
infelizmente, chegam aos ouvidos de muitos que ainda insistem em acompanhá-los
e que seguem, como cegos guiados por outros cegos, o que estes falam.
Se os jogadores decidirem
não dar mais entrevista a este ou aquela emissora, estão no seu direito. Se não
vai melhorar o futebol apresentado dentro de campo, pelo menos pode impor um
pouco mais de respeito perante estes sujeitos que não se fazem respeitar, e que
acham que podem enxovalhar pessoas e instituições.
A medida de não dar mais
entrevista pelos jogadores deveria ser acompanhada por outras medidas, a ser
seguida pelos torcedores, como não dar audiência a seus programas, não ligar
para a rádio, não comprar o jornal, não escrever comentários nos blogs deles, enfim,
ignorá-los completamente.
Existem outros canais de
informações, pelos quais podemos continuar sabendo como anda o dia a dia do
nosso Avaí.
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