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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O mal que a imprensa pode fazer


Já escrevi aqui que os times de Santa Catarina, em especial, os dois times de Florianópolis, melhoraram em muito sua qualidade nos últimos 10 anos. Até 1998, quando o Avaí conquistou a série C, os dois times daqui não despertavam qualquer interesse na mídia nacional, a não ser por algum resultado fortuito. O pessoal do microfone só ia ao Maracanã, Morumbi, Beira-Rio ou Mineirão se fosse para acompanhar algum jogo da seleção brasileira ou a passeio. O negócio deles era comentar sobre o Campeonato Estadual e a Copa Santa Catarina. Para o nível da competição, o pouco que eles entendiam de futebol já servia.

O tempo passou e com administrações mais profissionais os dois clubes melhoraram seus estádios, montaram times mais fortes e agora estão disputando a principal competição do futebol nacional. É inegável que a qualidade dos clubes melhorou em quase todos os aspectos e setores, seja na parte administrativa, médica, técnica e tantas outras que existem. Se a qualidade do produto ou do serviço melhorou é porque as pessoas que trabalharam ou ainda trabalham lá foram responsáveis por isso.

O mesmo não aconteceu na imprensa. As pessoas não mudaram. Aqueles que hoje são os titulares dos microfones, em quase todas as estações ou canais, são os mesmos que há 10 anos acompanhavam, narravam, comentavam e criticavam o desempenho dos times da capital.

Isto é ruim? Nem sempre, pois a experiência pode agregar muito valor a qualquer trabalho, desde que o profissional consiga se mantiver atualizado nos assuntos que lida. Mas isto não aconteceu aos decanos da imprensa.

Se antes eles detinham o poder da informação, hoje são atropelados pela velocidade da internet. Se antes o olhar deles era o que melhor analisava os jogos, os jogadores, o campeonato, hoje sabem menos que muitos torcedores que buscam e trocam informações sobre seu time do coração.

Eles não são mais donos da informação, da verdade ou da melhor análise. Ainda influenciam a muitos, é verdade, mas muito mais por causa do grande poder de difusão dos microfones que usam do que propriamente por aquilo que falam.

Alguns ainda mantêm o emprego por causa do seu histórico hilário e folclórico. Não por causa do conteúdo do seu comentário, mas apenas pelo seu jeito de falar ou pela suposta identificação com algum clube.

A única maneira deste tipo de profissional conseguir manter seu emprego é justamente na perpetuação da figura folclórica, falando coisas polêmicas, mostrando seu lado passional. Para ele, não adianta analisar o jogo com detalhes técnicos ou comentar posicionamentos táticos. Para isso, eles têm os antigos estagiários, que agora viraram seus aprendizes e que no futuro, talvez ocupem o seu lugar, visto que estão seguindo os mesmos passos de seus mestres, com comentários parciais, cheios de intriga e miopia.

Enfim, são faladores de microfone que se agarram na suposta experiência profissional, com muitas histórias para contar e precisam criar, como eles mesmo dizem, um fato novo a cada semana para justificar o salário que ganham no fim do mês.

Eles não têm mais a minha audiência, mas sei que continuam criando seus fatos novos, mesmo que seja a custa de ofender pessoas ou instituições. De fato, eles não perdem gols ou falham na defesa. Eles não têm culpa da situação do Avaí, assim como nunca tiveram qualquer participação nas muitas conquistas avaianas.

Entretanto, deveriam ter mais responsabilidade ao emitir suas opiniões, posto que suas vozes, infelizmente, chegam aos ouvidos de muitos que ainda insistem em acompanhá-los e que seguem, como cegos guiados por outros cegos, o que estes falam.

Se os jogadores decidirem não dar mais entrevista a este ou aquela emissora, estão no seu direito. Se não vai melhorar o futebol apresentado dentro de campo, pelo menos pode impor um pouco mais de respeito perante estes sujeitos que não se fazem respeitar, e que acham que podem enxovalhar pessoas e instituições.

A medida de não dar mais entrevista pelos jogadores deveria ser acompanhada por outras medidas, a ser seguida pelos torcedores, como não dar audiência a seus programas, não ligar para a rádio, não comprar o jornal, não escrever comentários nos blogs deles, enfim, ignorá-los completamente.

Existem outros canais de informações, pelos quais podemos continuar sabendo como anda o dia a dia do nosso Avaí.

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